Santana jamais foi a favor da ideia de ter um filho tocador de sanfona. Para ela, lugar de menino pobre, sem estudo, era na roça, ajudando a família a se manter. Inúmeras vezes precisou repreender o garoto, que vivia bolindo nas sanfonas da oficina do pai Januário, prestigiada figura do Exu. A sorte é que Luiz Gonzaga tinha o pai ao seu lado, mesmo a contragosto da mãe. Sabido todo, o velho acreditava que o filho poderia ajudá-lo a reparar foles e até substituí-lo nos bailes da região. Dito e feito. Ensinou-lhe os primeiros acordes num instrumento de oito baixos e, pouco tempo depois, já dizia ter preparado o garoto para acompanhá-lo.
Nem precisou do menino por muito tempo. Com 13 anos, Luiz Gonzaga já se achava o tal. Conhecidos da região o convidavam para animar festas, sem a companhia do pai. Comprou a primeira sanfona, por volta de 1924, com a ajuda da família do coronel Manuel Aires de Alencar. "Quando ele (Gonzaga) já estava mais velhinho, queria muito uma harmônica. Aí meu avô mandou meu pai, que era solteiro, comprar uma em Ouricuri. Meu pai disse a Luiz Gonzaga: ‘Agora você tem a harmônica, mas vai embora porque tem que ganhar a sua vida de outra maneira. Não é ganhando essa mixaria’", relata Marfisa Alenar, neta do coronel.
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