História
(Texto escrito pela Profa.Ms. Paula Sônia de Brito
- UFRN/CERES - Caicó)
Nos anos
60, por iniciativa do Padre Antenor Salvino de Araújo, nasceu o Museu do
Seridó. No início chamou-se Museu "Pena de Ouro" em homenagem ao
Senador do Império, Padre Francisco de Brito Guerra, fundador e professor da
primeira Escola de Latim do Seridó, onde os filhos de fazendeiros da região
aprendiam as humanidades. Nas palavras do seu fundador, o Museu apresentava
"retalhos de nossa história" e servia de "guardião do pensamento
do povo desta terra".
No Livro
de Visitas acha-se registrada a impressão dos caicoenses sobre a instalação e
funcionamento de um Museu nos sertão seridoense. Merece destaque o depoimento
do Monsenhor Walfredo Gurgel, na época governador do Rio Grande do Norte:
Ao
visitar hoje o Museu da Pena de Ouro, de Caicó, desejo registrar as impressões
colhidas nesta manhã do dia 26 de maio de 1968. Graças à tenacidade do Revmo.
Padre Antenor Salvino de Araújo e do poeta José Lucas de Barros, diretor e
vice-diretor respectivamente, pedaços da história e das tradições de nossa
terra estão sendo preservados da destruição impiedosa dos tempos. Merece, pois,
todos os aplausos e incentivos a iniciativa cultural dos que amam a terra e
desejam conservar, para a posterioridade, o passado daqueles que povoaram a
região e lançaram as sementes das gerações atuais.
O Museu
do Seridó com ato de doação feito pelo Patrimônio Municipal, através da Lei no
486 de 13 de janeiro de 1973, por iniciativa do então Prefeito Municipal de
Caicó, Francisco de Assis Medeiros teve sua sede transferida para o prédio do
antigo Senado da Câmara e Cadeia Pública da Vila do Príncipe, construção
finalizada em 1812. O prédio apresenta planta retangular. Compõe-se de dois
pavimentos: o superior destinava-se às reuniões da municipalidade; o inferior
servia de cárcere. Uma típica construção para fins da administração das vilas
coloniais. Todo acervo do museu, de significativo valor para a história
regional, foi obtido através de doações feitas pelas famílias seridoenses à
Diocese de Caicó, responsável até então pela administração do Museu e
conservação de suas peças
Com a
criação do Centro Regional de Ensino Superior do Seridó e o funcionamento do
Curso de História, a Diocese de Caicó transferiu a posse e a administração do
acervo à UFRN, em 22 de maio de 1981.
A partir
daí, vários projetos foram elaborados com vistas à ampliação e melhorias das
instalações físicas, envolvendo intelectuais, pesquisadores, professores e
estudantes da região e do Estado. Face às dificuldades apresentadas, as metas
propostas não foram atingidas.
Em 1992,
a Diretora do Campus, Professora Maria Lúcia da Costa Bezerra, consciente da
urgência de dar um novo direcionamento ao Museu de forma a adequá-lo às
modernas técnicas museográficas, buscou o apoio da Fundação José Augusto,
através do seu Diretor, Iapery Araújo, e do especialista em restauração e
conservação de bens culturais, Hélio de Oliveira, responsável pela autoria e
execução da proposta de revitalização.
Com o projeto
museológico elaborado o Museu do Seridó passou toda a década seguinte cumprindo
sua função, sempre com limitados recursos orçamentários, sem estrutura
laboratorial e sem um prédio para abrigar a reserva técnica.
Entre as
décadas de 60 e 70 quando o Museu do Seridó, período em que foi criado e
repassado à Prefeitura Municipal, o acervo de significativo valor para a
história regional, foi obtido através de doações feitas pelas famílias
seridoenses à Diocese de Caicó, responsável até então pela administração do
Museu e conservação de suas peças. Neste momento não havia a documentação das
aquisições. A partir de 1981, já pertencente a UFRN, as doações foram
feitas espontaneamente pela comunidade ao Museu, no entanto, ainda sem
uma sistematização técnica de registros das peças doadas. Somente com a
montagem do plano museológico em 1992, foram doadas novas peças para a montagem
nos núcleos expositivos, principalmente os engenhos de fazer farinha e
rapadura. Daquele ano até o presente ano 2007, as doações são registradas
sistematicamente segundo as técnicas museológicas.
A contar
de 2007, durante os cinco últimos anos pouco foi feito pelo Museu do Seridó,
até que se sensibilizando com os protestos generalizados da comunidade
acadêmica a Direção do CERES, na pessoa do professor Clóvis Almeida de
Oliveira, propôs uma cota significativa no orçamento do CERES e iniciaram-se os
trabalhos de reestruturação do Museu a partir da nomeação do professor
Muirakytan K. de Macêdo como diretor, que, em conjunto com uma equipe formada
por professores e alunos do CERES, elaborou o plano museológico de 2007-2008.