Quando se olha para
um céu estrelado, é difícil acreditar que aqueles astros se originaram há
milhões e bilhões de anos a partir de nuvens escuras de poeira cósmica e que,
um dia, eles simplesmente morrerão - ou até já podem ter morrido. É isso que
nos conta a professora Thais Idiart, do Departamento de Astronomia do Instituto
de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo
(IAG-USP). "As melhores condições para se formar estrelas são encontradas
nas chamadas nuvens escuras, que podem ser de gás, de poeira ou
moleculares". O tamanho dessas nuvens é da ordem de centenas de anos-luz -
o que significa alguns bilhões de quilômetros - e a temperatura no interior
delas equivale a aproximadamente -260ºC. É a partir delas que se originam não
apenas uma, mas várias estrelas. "Elas quase sempre se formam em grupos,
raramente isoladas", diz Thais.
O processo de
formação desses astros pode levar algumas dezenas de milhões de anos. "O
primeiro estágio se dá quando uma massa grande da nuvem começa a se contrair.
Devido a instabilidades gravitacionais, ela pode se fragmentar em pedaços
menores que, por sua vez, também podem colapsar e continuar a se dividir,
formando, eventualmente, dezenas ou centenas de estrelas", explica a
professora. À medida que começam a se contrair, esses fragmentos iniciam uma
fase de aquecimento e passam a ser denominados proto-estrelas. "Quando a
temperatura no centro deles alcança um valor alto suficiente para começar a
reação de fusão nuclear, a contração para e a estrela nasce".
O tempo de vida de
uma estrela está diretamente relacionado à sua massa. "As de massa bem
maiores que a do Sol, cerca de dez vezes maiores, por exemplo, vão durar
dezenas de milhões de anos, enquanto o tempo de vida do astro solar é de 10
bilhões de anos. Já estrelas com um décimo da massa solar têm uma expectativa
de vida de várias dezenas de bilhões de anos", afirma Thais Idiart. A
idade atual do Sol é de 4,5 bilhões de anos, "logo, ele tem ainda uns 5
bilhões de anos pela frente". A professora explica que, durante as fases
finais de vida do Sol, ele irá se expandir até atingir a órbita de Marte,
transformando-se em uma estrela vermelha gigante. "Nessa fase evolutiva,
todos os planetas internos, Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, serão extremamente
aquecidos. Na Terra, os oceanos se evaporarão e o planeta perderá sua
atmosfera". Terminada a fase de expansão, o astro inicia um processo
inverso: "Irá encolher muito até se tornar uma estrela do tipo anã branca.
A energia liberada por ele será menor do que a atual e o que restar dos
planetas internos estará a temperaturas muito baixas", prevê.
Mas por que as
estrelas morrem? "No núcleo delas, a energia é formada por fusão nuclear,
ou seja, elementos mais leves vão se fundindo e formando os mais pesados com o
passar do tempo", diz Thais. No caso do Sol, o hidrogênio (que é mais
leve) transforma-se em hélio (que é mais pesado) por fusão nuclear. Quando o
hidrogênio se esgota no núcleo da estrela, o hélio começa a se fundir para
formar carbono. "Mas em uma estrela com a massa do Sol, a temperatura de
fusão do carbono para formar elementos mais pesados nunca será atingida, então
forma-se um núcleo que não mais produzirá energia e, com isso, começa o
processo de morte da estrela
Eliza
Kobayashi (novaescola@atleitor.com.br)
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