A relação entre História e espaço
baseia-se na visibilidade e dizibilidade, buscando uma nova identidade para
este espaço correlacionando ao próprio homem. Contudo, o discurso
tradicionalista anuncia a história como legitimadora da memória. Logo, o
folclore torna-se um fator legitimador, disciplinador da História e um elo
entre o passado e o presente. Em decorrência, busca-se a identidade da região e
a formação discursiva nacional-popular, onde a memória da elite passa a ser questionada,
pois a dominação estava em crise. Neste sentido, podemos citar os discursos do
Autor Durval Muniz, principalmente quando o mesmo revela ser o Nordeste dos
“regionalistas” uma região formada por imagens depressivas demarcadas pela
decadência da classe dominante deste espaço regional. Paralelamente, através de
Durval Muniz percebemos que o Nordeste se constrói pela memória, convivendo
lado a lado, sobrevivência e vazio, pois a classe dominante, ao ver que seu
mundo desmoronou entra em um vácuo quase mortal, onde as próprias estruturas
sociais são questionadas. Assim, o espaço acaba sendo anunciado como sólido,
como a casa-grande de pedra e os móveis de mogno e jacarandá. Portanto, Durval
faz referencias a Gilberto Freyre no que tange a compreensão da “alma do
Nordeste” e discute que este autor escreve suas obras baseado na infância no
engenho, cheio de sombras, isto é, um espaço de saudades. Enfim, ao longo de
sua obra Durval Muniz traz à tona as revelações de vários autores sobre o
Espaço nordestino. Neste sentido, tem-se Raquel de Queiroz, no qual o autor
discorre sobre sua dicotomia entre tempo e espaço, logo observamos que a autora
revela ser o espaço a dimensão conservadora da vida. Por fim, Durval elenca a
música como saber histórico, traduzindo os seus sentimentos acerca de Luis
Gonzaga sobre o formato do Espaço Nordeste.
FONTE:
ALBUQUERQUE Junior,
Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes. 3. Ed. São Paulo:
Cortez; Recife: Massangana, 2006. Introdução; p. 29-49 e cap. 2: Espaços da
saudade (p. 78-194). (a construção regional do espaço)
CERTEAU, Michel de. A
Invenção do Cotidiano. I. Petrópolis: Vozes, 1994. “Práticas de espaço”, p.
169-220.
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