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sábado, 26 de janeiro de 2013

ESTILOS DE ARTE RUPESTRE



O estilo Serra Branca apresenta figuras humanas com uma forma muito particular do corpo, o qual foi decorado por linhas verticais ou por traçados geométricos cuidadosamente executados. Geralmente, os animais são desenhados por uma linha de contorno aberta; alguns têm o corpo preenchido por tinta lisa, mas a maioria apresenta um preenchimento geométrico semelhante aos dos seres humanos.
O complexo estilístico Serra Talhada é muito mais heterogêneo e possui diversas características classificatórias que não estão sempre presentes em todos os sítios pertencentes à classe, mas, quando uma falta, outra está representada.
A classe caracteriza-se pelas séries de figuras humanas dispostas em linha e a utilização de várias cores (vermelho, branco, cinza, marrom, amarelo), sendo comuns as figuras bicromáticas ou tricromáticas.
Aparecem também figuras com características gráficas muito peculiares; algumas delas são humanas e apresentam as extremidades exageradamente compridas. Há ainda figuras muitos pequenas. A técnica de pintura do corpo das figuras se diferencia: além da tinta lisa e dos traçados gráficos complexos, aparecem outros tipos, tais como pontos ou zonas reservadas.
Os dados atualmente disponíveis permitiram propor uma explicação segundo a qual essa sucessão de estilos não representa diferentes unidades estilísticas perfeitamente distintas e segregáveis, mas sim, reflete uma evolução lenta e contínua que, durante cerca de 20.000 anos, introduziu micromodificações no estilo básico Serra da Capivara. Isso levou a um desenvolvimento em contínuo da subtradição Várzea Grande, sendo o complexo Serra Talhada resultado desse processo evolutivo que acumulou microdiferenças, as quais resultaram no estilo final Serra Branca.
As datações obtidas e a análise da indústria lítica confirmam as conclusões as quais chegamos, graças ao estudo das pinturas e gravuras rupestres. A tradição Nordeste, evidente há 27.000 anos, parece desaparecer da região por volta de -7.000/-6.000 anos.
Em certos sítios da bacia sedimentar Maranhão-Piauí, ao lado da tradição Nordeste, aparece a tradição Agreste desde 30.000 anos. Ela se caracteriza pela predominância de grafismos reconhecíveis, particularmente da classe das figuras humanas, sendo raros os animais. Nunca aparecem representações de objetos, nem de figuras fitomorfas. Os grafismos representando ações são raros e retratam unicamente caçadas. Ao contrário da tradição Nordeste, as figuras são representadas paradas: não há movimento nem dinamismo. Os grafismos puros, muito mais abundantes do que na tradição Nordeste, apresentam uma morfologia bem diferente e diversificada.
A técnica de desenho e de pintura da tradição Agreste é de má qualidade, os desenhos são canhestros e não permitem, na maioria dos casos, a identificação das espécies animais. O tratamento da figura é limitado e de péssima feição.
A repartição espacial da tradição Agreste é, grosso modo, a mesma da tradição Nordeste. Entretanto, há regiões do norte e centro do Piauí e do sudoeste de Pernambuco onde aparecem sítios com pinturas da tradição Agreste, mas nunca se encontraram pinturas Nordeste.
Na área arqueológica do Parque Nacional, a tradição Agreste apresenta diversidades estilísticas manifestas que levaram, numa primeira instância analítica, a propor-se subclasses para essa região. Os estudos sobre essa tradição são, porém, ainda pouco desenvolvidos para que se possa ser mais preciso. Pode-se, entretanto, afirmar a existência de duas modalidades estilísticas que variam tanto na técnica utilizada como nas temáticas graficamente representadas. Uma classe incluiria as pinturas cujas características são as típicas dela: feitas de maneira grosseira, de grande tamanho, sem preocupação pela delineação da figura e com um preenchimento realizado negligentemente, mas cobrindo extensas superfícies. Outra modalidade da tradição Agreste que poderia constituir uma classe incluiria as figuras que são de menor tamanho, mas sempre maiores que as da tradição Nordeste, feitas com maior cuidado e com um preenchimento mais controlado, cuja tinta escorreu menos. Esta última, segundo os dados disponíveis, seria a mais antiga.
Não se conhece até agora o foco de origem da tradição Agreste. Na área do Parque Nacional, ela se encontra associada a uma indústria lítica grosseira, de técnica pouco aprimorada, que utiliza como matéria-prima, prioritariamente, quartzo e quartzito.
Até hoje, não foi realizada nenhuma escavação, apenas algumas sondagens em sítios pertencentes às outras tradições de registros rupestres da área. Desse modo, pouco podemos adiantar sobre elas além de uma descrição sumária

Um comentário:

  1. Oi, eu queria saber quais são os estilos de arte que existem além da arte rupestre?

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