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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

PESQUISAS SOBRE A PRÉ-HISTÓRIA DO RN



Definida a partir das pesquisas de Niède GUIDON e outros pesquisadores no Piauí, estendendo-se até outros Estados como a Bahia, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Ceará e Mato Grosso, a Tradição Nordeste é identificada através de figuras de pequeno tamanho, antropomorfas, dotadas de enfeites, ornatos e atributos, os quais caracterizam a figura humana dentro de um contexto social rico: lutas, caças, danças e sexo – como se nos apresentam as pinturas. Os antropomorfos aparecem sempre em posição que sugere movimento e agitação; os que aparecem de perfil parecem estar gritando. Os grafismos dessa tradição são de traço leve e foram pintados com instrumentos finos, permitindo uma acurada técnica de delineação da pintura. A tradição Nordeste não representa somente o cotidiano dos grupos humanos pré-históricos do Nordeste, mas, também, cenas cerimoniais cujo significado ainda não é totalmente compreendido, podendo ser também representação de mitos. Sua presença repetida nos abrigos rupestres torna-se um indicador da tradição, chamado de “emblemático”, na prática, um logotipo desse horizonte cultural; exemplos disso são as cenas de duas figuras humanas, ambas de costas, separadas por tridígitos ou pontos; os chamados “grupos familiares” e as cenas de dança em torno de árvore, com figuras humanas portadoras de ramos nas mãos. A principal cor utilizada é o vermelho, com várias tonalidades, seguido do branco, amarelo, preto, cinza, verde e azul, havendo, constantemente, o uso da policromia. A cronologia dessa tradição inicia-se em torno dos doze mil anos antes do presente, para o Piauí, sendo associada a uma cultura de caçadores coletores que viviam em clima úmido e com recursos hídricos bem mais favoráveis que hoje.
Os novos elementos da tradição Nordeste que aparecem nas pinturas da região do Seridó servem para descontextualizá-las da macrodivisão imposta e caracterizá-la como sendo uma subtradição, que ficou sendo chamada de Subtradição Seridó. A subtradição reflete o contexto geográfico em que se situaram os grupos de caçadores coletores estabelecidos na região seridoense há cerca de 10 mil anos – conforme as datações dos enterramentos presentes em sítios com pinturas desse horizonte cultural -, aparecendo uma grande profusão de pirogas (embarcações toscas), objetos e ornamentos corporais e representação de plantas, dando idéia de paisagem. São constantes temas como a caça, envolvendo animais como veados, emas, tucanos, onças, araras e capivaras; o sexo grupal e a masturbação; dança ritual em torno de árvore e o lúdico, na forma de “jogos”. A sociedade da Subtradição Seridó era estritamente hierárquica, como demonstram as inúmeras representações de antropomorfos com cocares sobre a cabeça, identificadores de sua alta posição social (MACEDO, 1998).

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