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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Caminhos do ouro e da pré-história


Pesquisadores mapeiam sítios arqueológicos na Estrada Real e atestam: o turismo pode ajudar a preservá-los



Muito antes de a Coroa portuguesa cravar seus postos de fiscalização de metais preciosos na Estrada Real, grupos de paleoíndios deixavam suas marcas nos paredões de pedra da região das Minas Gerais. Formas geométricas, desenhos de animais selvagens e homens gigantes foram pintados por povos nômades até 8.000 anos atrás. Hoje, apesar do incentivo ao turismo nos antigos caminhos do ouro, numerosos sítios arqueológicos das cercanias são excluídos da rota cultural e permanecem desconhecidos, malcuidados e até depredados. Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) vem mapeando estes locais de arte rupestre e já identificou catorze cidades cortadas pela estrada que guardam alguma marca dos povos antepassados.
“Estamos observando as condições e a gestão desses espaços, além do modo como estão sendo inseridos no roteiro turístico”, conta Cristiano Lima Sales, mestrando em História na UFSJ e participante da pesquisa coordenada pela professora Maria Leônia Chaves de Resende. Ele acrescenta que um dos desejos do grupo é que os locais com condições físicas de receber visitação sejam um dia incluídos na rota turística da Estrada Real. Afinal, muitos dos sítios encontrados pelo núcleo são inéditos, ainda nem registrados no Iphan, estando mais sujeitos à ação destrutiva do homem, como a mineração e mesmo o vandalismo.
Este é o caso do município de São Thomé das Letras, onde a equipe localizou doze sítios de arte rupestre, estando dez reconhecidos pelo Iphan e apenas um protegido pela prefeitura e incluído no trajeto turístico da cidade – a Gruta de São Thomé, que fica na área urbana. Devido ao descuido, inscrições de estilos nunca antes estudados correm o risco de desaparecer.
Em Andrelândia, no sul de Minas, por onde também passa a Estrada Real, a situação é bem diferente. Em 1986, um grupo de jovens amantes da Arqueologia levantou dinheiro e comprou doze hectares de terra, cortados por um paredão com 650 pinturas rupestres desenhadas até 4,5 metros de altura. Após adquirir o terreno, fundaram o Núcleo de Pesquisas Arqueológicas do Alto Rio Grande (NPA), uma associação sem fins lucrativos encarregada de fazer a manutenção do local, posteriormente transformado em parque ambiental e aberto à visitação. “Quanto maior a visitação, maior é a conscientização da população a respeito do patrimônio. Isso gera mais preservação, porque as pessoas percebem o quanto aquilo é importante para a nossa História”, diz José Marcos Alves Salgado, arquiteto e conselheiro fundador do NPA.
O Iphan divulga este mês um levantamento sobre os sítios arqueológicos do estado de Minas. Nele, há registros da existência de mais de mil áreas marcadas por povos pré-históricos, sendo 53 delas registradas nas cercanias da Estrada Real.

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